Entenda o que é colorimetria
A
Colorimetria é uma ciência conhecida em diversas áreas para determinar
cores a partir de avaliação de matiz, intensidade e saturação. Para
aplicá-la, é necessário o conhecimento aprofundado dos tipos de cores e
de como elas se comportam em relação às outras. Quando utilizada para a
aplicação nos cabelos, essa ciência é conhecida como Colorimetria
Capilar, e serve de base para que o profissional cabeleireiro atinja a
coloração adequada nas madeixas dos seus clientes.
Hoje, a
Colorimetria é utilizada em diversos salões para a identificação de
cores naturais, para combinar adequadamente tons e contrastes e também
para fazer processos de neutralização. No círculo cromático, toda cor
possui outra oposta a ela, o que faz com que ambas se anulem. Essa
estratégia é muito útil para os cabeleireiros, pois permite modificar o
tom dos fios somente com a combinação de cores. Essa combinação costuma
ser feita com a cor já presente nos fios e um tonalizante, ou até mesmo
com duas cores das tintas misturadas sobre os fios descoloridos. Com
tantas possibilidades diferentes, conhecer a composição da Colorimetria
pode ser determinante para profissionais que querem manter um trabalho
bem feito.
2. Por que calcular as cores das tintas de cabelo?
Saber
calcular as cores das tintas e prever seus efeitos nos fios é essencial
para alcançar bons resultados. O profissional cabeleireiro é o mais
indicado para essa tarefa, já que, além de tonalidades, é capaz de
identificar diferentes texturas e estruturas de cabelos. Entendendo
todos os passos da Colorimetria, o cabeleireiro pode alcançar
tonalidades diferentes a partir de uma cor já presente nos fios. Veja as
vantagens garantidas pelo cálculo correto das cores das tintas:
Cabelos bonitos e saudáveis
Com
o cálculo e a aplicação adequada da Colorimetria, muitos procedimentos
químicos são evitados a fim de corrigir a tonalidade. Nesse cuidado, a
saúde e a beleza dos fios é garantida por muito mais tempo.
Menores chances de erro
Sabemos
que a reputação de um salão de beleza depende totalmente do tratamento
dado aos seus clientes e, especialmente, do resultado garantido nos
procedimentos. Quanto mais informações puder absorver por meio do estudo
e capacitação, menores as chances de o profissional errar na cor e mais
satisfeitos ficarão seus clientes em cada trabalho realizado.
Economia de produto
Em
alguns salões, as sobras de tinta podem chegar a uma grande quantidade
de produto quando somadas, o que seria um desperdício se fossem para o
lixo. Sabendo calcular as tonalidades, o profissional tem a
possibilidade de aproveitar as sobras de diversos tubos para fazer uma
única cor e assim economizar recursos com a compra de novas tintas.
3. Desvendando a composição da colorimetria capilar
Confira
a classificação de cores, tons e reflexos e dê o primeiro passo para
administrar corretamente as combinações em cada tipo de cabelo:
Cores primárias
As
cores primárias também são chamadas de fundamentais, já que são
necessárias para a criação das demais tonalidades. São representadas
pelo vermelho, azul e amarelo, e a soma das três resulta no tom marrom.
Cores secundárias
Também
chamadas de complementares, são geradas a partir de três combinações
com as cores primárias. As cores secundárias são representadas pelo
verde, alaranjado e roxo, onde verde é a junção de azul com amarelo,
alaranjado é a junção de vermelho com amarelo, e roxo é a junção de azul
com vermelho.
Cores terciárias
As cores terciárias são
todas aquelas obtidas a partir da mistura de cores primárias ou
secundárias, com diversas possibilidades de combinação. Podem ser usadas
para a criação de tonalidades mais claras, como o azul-claro obtido na
mistura de verde e azul.
Cores frias
São cores obtidas a
partir de tons de verde, azul, roxo, violeta e cinza. Apresentam menor
luminosidade e por isso costumam ser utilizadas para diminuir e
distanciar formas, gerando sensação de amplitude e profundidade.
Cores quentes
São
cores obtidas a partir de tons de vermelho, rosa, amarelo, alaranjado,
acobreado e dourado. As cores quentes são classificadas de acordo com o
nível de vibração e costumam ser utilizadas para expandir formas,
gerando a sensação de proximidade.
Cores neutras
São cores
obtidas com a mistura de tons quentes e frios como o vermelho e o
cinza, se tornando menos vibrantes e, portanto, pouco visíveis. Por essa
característica, costumam ser usadas para criar um fundo para
recebimento de outras cores.
Altura de tom
A altura de tom
diz respeito ao tom alcançado com a Colorimetria Capilar. Para
classificar esses tons, existe uma tabela universal que pode ser
utilizada para definir as cores naturais e artificias presentes nos
cabelos. São 9 tons que compõem a tabela, indo dos mais escuros até os
mais claros:
Altura de tom 1: cor preto azulado
Altura de tom 2: preto
Altura de tom 3: cor castanho escuro
Altura de tom 4: cor castanho médio
Altura de tom 5: cor castanho claro
Altura de tom 6: cor loiro escuro
Altura de tom 7: cor loiro médio
Altura de tom 8: cor loiro claro
Altura de tom 9: cor loiro muito claro
Essa
pode ser considerada uma lista geral, já que algumas marcas de produtos
costumam trabalhar com até 12 alturas de tom. Nesse caso, o número 10
corresponde ao loiro claríssimo, o número 11 ao loiro ultra claro e o
número 12 ao loiro ultra claríssimo.
Nas
embalagens de tinta para cabelo, a altura de tom é representada pelo
primeiro número impresso na caixa. Como exemplo: se o número encontrado
for 6, significa que a altura de tom daquela tintura é loiro escuro.
Cores reflexo (Nuances)
Além
da altura de tom, uma tinta também pode apresentar uma cor reflexo. Na
embalagem, a cor reflexo é representada pelo número que vem depois do
ponto, ou seja, depois da indicação do número de tom. Assim, se uma
tintura indica 6.1, significa que o 6 representa o tom loiro escuro e o 1
a cor reflexo. Veja a classificação:
Numeração 1 após o ponto: cor reflexo cinza
Numeração 2 após o ponto: cor reflexo irisado
Numeração 3 após o ponto: cor reflexo dourado
Numeração 4 após o ponto: cor reflexo acobreado
Numeração 5 após o ponto: cor reflexo acaju
Numeração 6 após o ponto: cor reflexo vermelho
Numeração 7 após o ponto: cor reflexo esverdeado
Algumas
marcas também trabalham com duas cores de reflexo em um mesmo produto.
Nesse caso, a numeração da tintura apresentará dois dígitos após o
ponto, o que correspondente aos dois tons de reflexo. Como exemplo,
temos a cor louro acobreado acaju, onde o louro é a altura de tom e os
reflexos serão acobreado e acaju. O reflexo que aparece primeiro após a
indicação do tom sempre será o mais aparente no cabelo, enquanto que o
segundo apresentará apenas algumas nuances.
Volumagem
Em
cabelos com altura de tom muito escura e no qual o cliente deseja
alcançar uma cor mais clara, pode ser necessário um processo de
descoloração (água oxigenada e descolorante). Por ser uma química
agressiva e, muitas vezes, incompatível com outros procedimentos
capilares, ela costuma ser a última opção dos cabeleireiros para clarear
a base dos cabelos. Entretanto, é possível recuperar possíveis danos
aos fios com específicos
e cremes reconstrutores, especialmente quando a química e o cuidado
posterior são realizados com o mesmo profissional. Veja agora a
classificação desses produtos e os resultados possíveis com cada volume:
Água
oxigenada 10 volumes: garante pouca fixação da cor da tinta, fazendo
com que ela haja como um tonalizante ou banho de brilho.
Água oxigenada 20 volumes: geralmente mantém o tom de base, mas pode chegar a clarear 1 tom.
Água oxigenada 30 volumes: garante o clareamento de 2 a 3 tons, sendo ideal para cabelos com fibras fáceis de clarear.
Água oxigenada 40 volumes: garante o clareamento de 4 a 5 tons, sendo ideal para cabelos com fibras difíceis de clarear.
4. Passos da colorimetria
O
estudo da Colorimetria pode ser dividido em quatro passos, que envolvem
desde o uso de recursos para a compreensão das cores e suas relações
até o cálculo de proporções para chegar ao tom desejado.
Passo 1: Estrela de Oswald
A
estrela de Oswald é uma ferramenta bastante utilizada por profissionais
que trabalham com Colorimetria. Nela, estão dispostas as cores
primárias, secundárias e terciárias, de maneira que o observador possa
verificar quais se anulam e se neutralizam. Quando duas cores aparecem
opostas na estrela, significa que uma delas pode neutralizar a outra.
Por exemplo: o azul neutraliza o laranja e vice-versa, portanto, se o
cabelo estiver com um fundo muito alaranjado e o profissional quiser
anulá-lo para criar uma base neutra, poderá aplicar um tom de azul por
cima.
Conhecer e entender a estrela de Oswald é essencial para
qualquer cabeleireiro que deseja fixar informações relativas às cores e
suas possibilidades na coloração. É a partir desse conhecimento que
muitas tonalidades são alcançadas sem gerar grandes danos aos fios.
Outro exemplo bem prático da utilização da estrela está na conhecida
prática de dos
cabelos loiros. Nesse caso, a tonalidade amarela das madeixas — muitas
vezes indesejada — pode ser neutralizada com a aplicação de uma tinta ou
tonalizante roxo, visto que essa é a cor oposta do amarelo. O resultado
é um cabelo loiro com tom mais acinzentado e apagado, ou seja, um loiro
neutralizado.
2. Fundo de clareamento
O
fundo de clareamento é representado por uma paleta de cores, as quais
representam possíveis tons a serem alcançados durante o clareamento.
Para usar esse recurso, é preciso que o profissional leve em conta os
pigmentos naturais das fibras do cabelo, já que nem todos são iguais. A
pigmentação natural presente em cada cabelo varia de uma pessoa para
outra, sendo influenciada pela genética, alimentação e cuidados gerais
com os fios. Existem basicamente dois tipos de pigmentos, e a cor de
base final será determinada pela quantidade de cada um presente nas
fibras capilares:
Eumelanina
Pigmento presente em cabelos
que vão do preto ao vermelho-escuro, portanto, é mais difícil de ser
encoberto por outras tinturas. Ao mesmo tempo, a estrutura desse
pigmento é granulosa e bastante concentrada, o que torna mais fácil a
sua retirada dos fios. Nesse caso, o clareamento ocorre de maneira mais
rápida e simples.
Feomelanina
Pigmento presente em cabelos
com tonalidades que vão do vermelho intenso ao amarelo, dando origem
aos fios de cores claras e médias. Como apresentam tonalidades mais
claras, são encobertos facilmente por outras tinturas, geralmente sem a
necessidade de aplicar uma segunda camada ou realizar a descoloração.
Por outro lado, ao contrário do primeiro pigmento, a feomelanina é mais
difícil de ser retirada dos fios. Dessa forma, o clareamento de cabelos
mais claros é mais demorado e pode causar mais danos quando comparado às
madeixas escuras.
Identificar o tipo de pigmento presente no
cabelo garante a aplicação adequada da tintura nos fios, já que o
resultado do tom é influenciado pela cor presente na base natural. A
partir dessa etapa, cabe ao profissional usar seus conhecimentos de
Colorimetria para encontrar a melhor solução e adequá-la ao desejo do
cliente.
3. Avaliação e diagnóstico
Nesse passo, são
levantadas as características presentes e as características desejadas
dos fios. Depois de identificar o fundo de clareamento, o cabeleireiro
deve conversar com seu cliente para saber qual a cor a ser alcançada
durante o procedimento de coloração.
O diagnóstico é importante
porque também leva em conta a estrutura do fio, permitindo ao
profissional escolher uma técnica que seja compatível com o tipo de
cabelo. Uma pessoa que chega ao salão com os fios muito sensíveis e
danificados não pode passar por um processo de descoloração. Nesse caso,
o acompanhamento de um profissional é fundamental para a aplicação da
Colorimetria em busca da tonalidade mais próxima do desejado.
4. Matemática da colorimetria
Esse
é o passo onde a Colorimetria é aplicada, quando os profissionais
escolhem o tipo de tinta de acordo com o fundo de clareamento e a
tonalidade desejada para o cabelo do cliente. A partir da soma de duas
cores — a presente no cabelo e a da tintura — o cabeleireiro consegue
neutralizar a base para então aplicar o tonalizante ou tinta com a cor
que tingirá os fios.
5. Conheça a matemática da colorimetria
Para
garantir bons resultados com a Colorimetria, é essencial que o
cabeleireiro saiba aplicar cálculos exatos na mistura de seus produtos.
Na busca do tom ideal, são usadas operações simples da matemática, como
adição e divisão. Entenda como fazer:
Calculando os tons de base
Alcançar
um bom tom de base é um passo importante para que a cor aplicada em
seguida fique o mais próximo possível da indicada na embalagem. Para
conseguir isso, muitos cabeleireiros costumam juntar diferentes cores
para alcançar uma única tonalidade. Digamos que alguém queira chegar a
um tom loiro escuro, ou seja, de numeração 6.0 conforme a classificação
das cores de tom. Para isso, é possível misturar castanho claro, loiro
escuro e loiro claro, respectivamente, alturas de tom 5 + 6 + 8. A soma
da numeração dessas três cores dá 19, que será dividido pela quantidade
de cores misturadas: 19/3 = 6,3333333 (esse 3 no final não corresponde a
cor de nuance e sim ao resultado de dízima periódica). A forma mais
utilizada é a soma de duas cores de base para se obter uma, por exemplo,
8+4 = 12/2 = 6. Nesse caso, a numeração resultante corresponde ao loiro
escuro conhecido como 6.0. Para definir o tom de reflexo pode ser usado
os intensificadores ou “cores fantasias” (cinza, dourado, irisado,
mate, cobre, dentre outras) de acordo com o tom desejado pela cliente. E
lembre-se, para obter uma cor exata ou próxima da realidade as misturas
devem ser em quantidades iguais.
6. Dicas para usar a colorimetria no dia a dia
Por
ser uma ciência bastante ampla, a Colorimetria sempre traz algo
diferente para quem quer aprender novas formas de aplicar e combinar
cores. Sendo assim, além do estudo e capacitação constante, é preciso
que os profissionais estejam preparados com dicas e informações sobre o
uso dessa matemática da beleza. Veja como melhorar a experiência do
trabalho com a Colorimetria e garanta bons resultados:
Lembre-se dos números que correspondem às cores
Assim
como todo estudo tem sua parcela de decoreba, é importante que
profissionais empenhados em usar conceitos da Colorimetria saibam a
numeração de cada cor presente nas tabelas. Com essa informação fixada,
fica mais fácil calcular os tons que serão aplicados nos cabelos dos
clientes. Cuidado para que a divisão seja sempre feita de acordo com a
quantidade de cores misturadas, pois assim o resultado será sempre
certeiro.
Use tintas e tonalizantes de qualidade
Tinturas
de qualidade e dentro do prazo de validade são essenciais para garantir
uma tonalidade bonita e fiel às expectativas. Sendo assim, tome cuidado
com a armazenagem desses produtos, observando sempre as condições antes
de aplicar nas misturas. Um simples tubo de tinta vencida pode
comprometer totalmente a cor da combinação, e você não gostaria de ser
pego de surpresa dessa maneira, não é?
Faça teste de mecha
O
mercado de tintas capilares está sempre cheio de novidades, com
produtos que prometem resultados cada vez melhores. Porém, saiba que se
aventurar nessa variedade pode ser perigoso se você não souber comparar
as cores de novas mercadorias com as que já conhece. De uma marca para
outra, é muito comum existirem diferenças perceptíveis de tonalidades,
portanto, faça teste de mecha toda vez que resolver usar um produto
novo. Esse cuidado também é valioso para descartar qualquer
possibilidade de reação alérgica nos seus clientes.
Pratique sempre
Como
dizem por aí, a prática leva à perfeição. É por isso que, antes de ser
um bom profissional, você precisa experimentar, testar e até errar
várias vezes. É com o erro que você avalia pontos bons e ruins e
seleciona somente o que é positivo para seu trabalho. Claro que ninguém
quer aplicar uma mistura errada no cabelo do cliente, então, como fazer?
Uma boa dica é começar com fios sintéticos e depois passar para os
naturais. Você pode praticar com mechas descartadas durante os cortes no
salão e fazer a mistura de cores para observar o resultado. Passado um
bom tempo da prática, você fará os cálculos rapidamente e sem muito
esforço.
Na busca da estética perfeita, a junção de conhecimentos
novos e antigos tem sido uma boa saída para os profissionais que cuidam
da saúde dos cabelos. A informação é a base de tudo, e está presente nos
mais diversos lugares em forma de cursos, palestras, revistas e também
na internet. Ao cabeleireiro mais ousado, cabe a vontade de aprender
cada vez mais e aproveitar os recursos disponíveis para a realização de
um trabalho coerente e digno de admiração.